Cinema de Viagem – Parte III.
E aqui encerro os posts recapitulando os filmes vistos em minha última (e já saudosa) passagem pelo Brasil, em março. A primeira parte está aqui e a segunda aqui.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (5/5)
Filme delicioso. Em minha segunda revisita novamente me encantei com a simplicidade e astúcia da estória e da protagonista. Outro filme com narração em off que engrandece as intenções e o entendimento do íntimo dos personagens. A apresentação dos personagens a partir de coisas que eles gostam e detestam é inovadora e adorável. O enredo gira em torno das tramas urdidas por Amélie Poulain para cumprir dois objetivos: ajudar pessoas a serem felizes (ou terem momentos de felicidade) e ajudar a si própria a encontrar alguém para si, além de descobrir o incrível mistério do fantasma das máquinas de fotografia. Genial!
O Lutador (5/5)
Filmaço do diretor Darren Aronofsky (o mesmo de Pi, Requiém para um Sonho e Fonte da Vida), resgatando Mickey Rourke do abismo e contando uma estória de um personagem que poderia ser a estória do próprio astro. Randy, o “Ovelha”, é um lutador de luta livre decadente e em final de carreira, com problemas para se relacionar com o mundo e sua filha, dificuldades financeiras, enfim, um perdedor. Exceto pelos momentos em que está lutando (ou atuando), uma vez que neste ambiente ainda é tratado com respeito, admiração e pode relembrar as suas glórias. Uma vez que ele descobre-se com uma doença que o impedirá de lutar é tocante acompanhar suas tentativas de se adaptar a uma nova vida e o final, acachapante, é admirável. Filmaço!
Wall-E (5/5)
Caramba, terceiro filme em seqüência que dou nota máxima. Fazer o quê, se a seleção foi boa, os filmes tendem a corresponder. Mas tenho que dizer que Wall-E é o melhor filme desta lista. Tecnicamente é impecável como sempre que a Pixar está envolvida. O filme narra a estória de Wall-E, um robô coletor de lixo que foi deixado na Terra para prepará-la para a volta dos humanos, que a abandonaram em naves-spa. O filme é um libelo anti-tecnologia ao mesmo tempo em que mostra a salvação da humanidade através dos atos de um de nossos inventos sem soar confuso ou contraditório. E Wall-E é um dos personagens mais bonitos que já vi no cinema. Puro, sincero e que luta por seus ideais e por seu grande amor, a robô Eve, que chega à Terra para buscar sinais de vida. O desfecho do filme é tocante e as cenas que envolvem os humanos na nave-spa, que só se comunicam através de telas de computadores, estão todos obesos e com os corpos desfuncionais é uma crítica à nossa sociedade atual que poucos outros filmes conseguiram exemplificar de forma tão contundente. Filmaço.
A Troca (3/5)
A Troca é um filme irregular mas ainda assim um bom filme dirigido por Clint Eastwood. A trama é interessante e a interpretação de Angelina Jolie é convincente. Mas o filme tem um ritmo ruim, perde tempo com subtramas desnecessárias, o personagem de John Malkovich é mal aproveitado e as interpretações dos jovens atores é péssima. A trama, inspirada em fatos reais, acompanha a mãe Christine Collins que tenta encontrar seu filho que desapareceu, tarefa dificultada pela corrupção na polícia de Los Angeles e a cruzada empreendida por um pastor local (Malkovich) para apontar todas as mazelas da corporação de polícia local. O filme tem um “anti-climax” e estende demais sua duração (spoiler) pois ao descobrirem que na verdade o filho da moça provavelmente foi assassinado por um serial killer que atacava, coincidentemente, na região nessa época ainda acompanhamos todo o julgamento, a condenação, a possibilidade de o menino ainda estar vivo, etc. E justamente nessa parte final temos as piores interpretações do filme, quando alguns dos meninos perseguidos pelo serial killer são ouvidos no julgamento ou antes, no momento em que o serial killer é descoberto. Ainda acompanhamos em detalhes o período em que a personagem é encarcerada pela polícia em um manicômio e nos envolvemos também com outros personagens secundários neste ambiente. Enfim, uma salada que teria muito mais força se fosse mais concisa.
Te Amarei Para Sempre (A Mulher do Viajante do Tempo) (3/5)
Outro filme em que provavelmente fui traído por minhas expectativas, que eram altas. A Dri tinha acabado de ler o livro (A Mulher do Viajante do Tempo) que deu origem ao filme e eu gosto muito de viagens no tempo, que já ofereceram diversos bons filmes (De Volta pro Futuro, Doze Macacos, etc.).
Aqui, acompanhamos a estória de Henry que acometido de uma anomalia genética (!?!) viaja no tempo sem qualquer controle em momentos inesperados. E isso, obviamente, trará momentos interessantes e paradoxais para sua vida e para os que com ele convivem. Como o mágico instante em que ele conhece a sua futura esposa e ela o reconhece imediatamente e, momentos depois, ele tem que pedir a ela um certo espaço para também conhecê-la, trecho que posteriormente apresenta uma bela rima com os personagens em posições invertidas. Mas o filme também tem um problema de ritmo, se alonga sem necessidade e não conseguiu me cativar como deveria. Afinal, o filme narra as dificuldades de relacionamento de um casal em que um dos dois simplesmente desaparece (por vezes durante dias) deixando o outro com toda a responsabilidade e, em contraponto, a maldição de não conseguir controlar e planejar adequadamente seus próximos passos e ao mesmo tempo saber de antemão informações de seu futuro. Pelo tema e abordagem a trama merecia um filme melhor. A Dri, por exemplo, garantiu que o livro é muito superior – como é regra.
A propósito, enquanto eu escrevia esse post, encontrei o seguinte blog em que postam 25 top filmes da década e foi engraçado a quantidade de filmes da lista que vi nessa última passagem pelo Brasil ou outros filmes dos mesmos diretores. Pena que o blog é russo ou qualquer coisa assim e nem mesmo usa o nosso bom e velho alfabeto. Ai, ai…
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