A Arte de Produzir Efeito sem causa

Mutarelli é doente. Quem assistiu Cheiro do Ralo sabe. Agora O Natimorto vai virar filme e também essa doença vai se proliferar para um público maior. Do último, eu vi a peça e fiquei extasiado.

Assim, foi um pouco decepcionante terminar a leitura de “A Arte de Produzir Efeito sem Causa”, o primeiro Mutarelli que consumi no formato nativo. As doenças estão lá e muitas vezes me pegava pensando “ei, eu também faço isso” e, ato contínuo, ficando com medo de mim mesmo. O livro narra a desgraça de Júnior, do esfaçalamento de seu casamento e da perda do emprego à loucura gradativa após voltar à casa do pai. O desfecho é trágico e o clima pende para o non-sense no final. Afinal, estamos falando de um personagem que é sugado para o ralo do filme com o Selton Mello. Essa é uma boa imagem do que ocorre com o personagem do livro.

O livro é bom, mas não foi tão impactante quanto o filme e a peça. Não sei se foi a mídia ou o texto em si, mas tenho uma forte impressão que trata-se de problema com o conteúdo, já que em teoria o livro – que dependia apenas das imagens provocadas diretamente do autor no leitor – deveria ser a experiência mais forte dos três.

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