Festival Circuito Banco do Brasil – Etapa 1 (SALVADOR)… ou o dia em que vi Joss Stone a (en)cantar!
No dia 31 de agosto, Salvador viveu um dia de festa. Mais um, segundo o filósofo Flausino. Mais sobre isso daqui a pouco… o que vale agora é dizer que a primeira etapa do Circuito Banco do Brasil Itinerante, que vai percorrer várias capitais do Brasil (Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo e Rio ainda terão seus eventos) com diversas atrações internacionais, como Joss Stone, Red Hot Chilli Peppers, Yeah Yeah Yeahs, Stevie Wonder. Dentre as atrações nacionais há de tudo um pouco: Rappa, Paralamas, Skank, Jota Quest, Carlinhos Brown, Rodrigo Amarante, Titãs e por ai afora. Falando especificamente do evento em Salvador, além das atrações musicais houve também a Copa Brasil de Skate vertical, que acabou sendo vencida por Sandro Dias, o Mineiro, seis vezes campeão mundial da modalidade. Tinha também um simulador de F1 e foi muito interessante poder “dirigir” um carro na mesma posição de um piloto da categoria: deitado. A velocidade é alucinante e foi uma experiência legal e que complementou bem o dia do evento, enquanto as principais atrações musicais não começavam.
Entre a simulação da F1 e a competição de skate houveram apresentações de Preta Gil e Monobloco. Acho curioso artistas como Preta, que basicamente apresenta músicas de outros artistas já que não compõe… e além disso faz um show sem a menor personalidade, procurando apenas encontrar músicas que possam ser cantadas em conjunto com o público, para tentar forçar uma empatia. Já o pessoal do Monobloco, também focado em versões, consegue demonstrar talento ao fazer releituras interessantes com novos arranjos vocais e uso de percussão para transformar algumas velhas conhecidas em novas experiências musicais.
O primeiro dos shows principais foi o dos mineiros do Jota Quest. Hora de retomar a história de Flausino, o pensador. Eis que em um determinado momento do concerto, empolgado com a sua própria canção, o vocalista começa a dizer: “E aí pessoal? Alguém vai ter que trabalhar amanhã? Ou a festa pode continuar? Amanhã é domingo, né? Então amanhã ninguém trabalha… Se bem que aqui na Bahia ninguém trabalha, né?”. As frases podem não ter sido exatamente essas, mas não foge muito disso… e, é claro, houveram vaias. Imediatamente, depois das canções seguintes… até que ele teve que parar, respirar e se desculpar! Dizer que era uma brincadeira, algo inocente, que não tinha intenção de ofender… O mais engraçado? Usou o seguinte exemplo para se justificar “Lá em Minas sempre falam que a gente só come pão de queijo”. Pois é, para ele dizer que alguém come pão de queijo e dizer que um povo não trabalha é igual. O curioso é que você encontra facilmente camisetas à venda, no comércio local, com os 10 mandamentos dos baianos. Dizeres como “Trabalhar é sagrado, portanto não toque nele” ou ainda “Se vir alguém descansando, vá imediatamente ajudar”… ou seja, eles podem falar de si, mas não venha você aqui achar que também pode zoar!
Eu nunca gostei de Jota Quest e aproveitei a idiotice de Flausino para vaiá-los em coro. Mas não posso negar que eles funcionaram bem em um show mais curto, só de hits. Em alguns momentos, fazem pop-rock mas em outros tem elementos de acid jazz… quase que um Jamiroquai brasileiro – guardadas, Deus me ajude e guarde, as devidas proporções nessa comparação.
Depois dos mineiros do Jota Quest vieram os seus conterrâneos do Skank, também em um show rápido, só hits. Samuel Rosa deve ter sabido do incidente com o colega, pois foi extremamente caloroso e ameaçou demitir seu produtor por ter deixado a banda 4 anos sem ir se apresentar na capital baiana. O show também foi contagiante. Notei, contudo, que ao passear por seus sucessos eles alternaram entre reggaes, pop-rocks, rocks e até elementos de gafieira. Se por um lado isso pode demonstrar versatilidade artística, por outro mostra uma banda preocupada em nadar conforme a corrente, se adaptando para continuar fazendo sucesso.
Sai o pão de queijo e entra o chá inglês no palco do festival. Joss Stone e sua banda fazem soul music de primeira. A diva, além de linda, é extremamente sensual e simpática. E, como se não bastasse, canta muito! Os três backing vocals que a acompanham são um show a parte. Os músicos são todos talentosos, ela é comunicativa e ainda que a comunicação não fosse fácil, houve sintonia com o público baiano, a ponto de cantalorarmos uma música e ela reconhecê-la e executá-la! Grande parte do concerto foi recheado por músicas dos dois últimos álbuns, o segundo volume de Soul Sessions e Colour me Free! Eu sou grande apreciador dos álbuns “Introducing Joss Stone” e “Mind, Body and Soul”. Ouvi “Right to be Wrong” e “You Had Me” com prazer e fiz parte do coro baiano acompanhando Stone em noite inesquecível… mas não tenho como me queixar por não ter ouvido “Less is More” (meu hino pessoal), já que a cantora nos brindou com um concerto cheio de carisma, swing e boa música.
E não há de ver que o Multishow disponibilizou o concerto de Salvador, na íntegra, no YouTube. Olha aí…
Para encerrar a noite, o baiano Carlinhos Brown vem com seu show em que interpreta muitas das suas composições que ficaram famosas nas vozes de outros artistas, principalmente Marisa Monte com quem mantém uma parceria que já alcançou 20 anos. Além da inevitável “A Namorada” que ele apresentou como uma música avante de seu tempo, já que hoje as namoradas já podiam até reconhecer legalmente sua união. O que é, de fato, um avanço considerável. Que nada, ou muito pouco, deve à música de Brown.
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