Rocky Spirit

Rocky Spirit

Em um mundo tomado por pessoas com valores corrompidos, movidos por busca de dinheiro e poder, que desvalorizam educação e cortesia, que preferem parecer a ser e que se importam mais com seus benefícios ainda que custe sofrimento alheio, há um reduto. É claro que nada é passível de generalização infalível, mas eu creio que pessoas ligadas a esportes de aventura são diferentes. Talvez pelo contato próximo com a natureza (surfe, montanhismo, mountain bike, dentre outros, proporcionam isso). Talvez pelos desafios inerentes às atividades, que reforcem o compromisso com os nossos limites e como superá-los. Ou talvez seja apenas uma idealização.

Porém, eu que não posso me considerar um esportista de aventura, talvez apenas um aventureiro, conheci gente fantástica ligada a esse mundo. Tanto amadores, como a minha esposa, o meu amigo Edson e os seus filhos e vários colegas do meu trabalho… mas também, mais recentemente, gente profissional como o fantástico Manoel Morgado (ouça esta entrevista com ele feita pelo Esfarelado), a incrível Karina Oliani ou o Pemba Sherpa, os três com cume do Everest no currículo. Gente que parece se importar mais com valores como gentileza, sinceridade, conexão e respeito com a natureza e com a humanidade em cada um de nós.

Não foi, portanto, surpresa para mim o conteúdo dos curta-metragens exibidos ao ar livre, no último sábado a noite, no festival Rocky Spirit. Muitas histórias de superação, diversão e importância no que é importante: família, viver a vida, ser feliz da maneira mais simples possível.

O festival começou com o biker Danny MacAskill fazendo coisas incríveis neste divertido vídeo:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=K_7k3fnxPq0&w=560&h=315]

Foi representado também pelo brasileiro Vozes Interiores, que trata do importante tema que afeta todos nós: como lidar com as vozes interiores. Para vários esportes individuais, atingir a meta tem mais a ver com saber lidar com elas do que com o desafio físico. Isso vale para mim, para você, para todos nós.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=i-BIM0Z7jKA&w=560&h=315]

Depois somos apresentados ao personagem John Shocklee, um instrutor de esqui que fez da paixão pela neve a sua orientação na vida. Para uns, ele pode ser considerado quase que um pedinte, alguém que realmente vive com o mínimo… mas certamente ele não parece arrependido de suas escolhas e feliz com aquilo que a vida deu.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=6Wn9umlQMbU&w=560&h=315]

Mantendo a temperatura baixa, conhecemos a finlandesa Johanna Nordblad, no belíssimo curta que acompanha um de seus mergulhos livres sob o gelo. É de arrepiar, em todos os sentidos.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=leqyKxbOxTA&w=560&h=315]

Em seguida, Ditch the Van conta a história do músico Ben Sollee, que percebeu que ao movimentar-se entre as cidades para fazer as suas turnês com uma van, ele estava deixando de vivenciar devidamente tudo aquilo… passava por vários locais, mas não conhecia nenhum. Queria mais. E abriu mão de dinheiro e conforto por uma alternativa mais lenta e mais cara (por poder encaixar menos shows no mesmo período de tempo): ir de bike. E assim cuidou da saúde, conheceu inúmeros locais, comendo e se hospedando em pequenos vilarejos entre as cidades nas quais se apresentava e conectou-se muito mais com seus companheiros de banda (que aderiram!) e consigo. Um espetáculo. Infelizmente não encontrei o curta, mas tem alguns videos no Youtube sobre o músico e o seu projeto.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=bX7QK0fW2Z4?list=PL_dk_Lwazwro1ZdCDoMY3jp9QjWzdYmgu&w=560&h=315]

Em seguida assistimos ao documentário feito por Karina Oliani sobre o Nepal e o projeto Dharma, sobre a amizade nascida entre ela e o seu guia nepalês Pemba Sherpa, que a levou duas vezes ao cume do Everest, pela face sul em 2013 e pela face norte em 2017, pelos projetos humanitários (construção de escola, ajuda médica, dentre outros) nascidos desta amizade… é um belo documentário, com lindas imagens, que trata de solidariedade e amizade de forma tocante.

O curta seguinte foi também espetacular. Os viajantes do tempo, um grupo de amigos que se dedica a um ambicioso projeto: bater o recorde de velocidade na descida do rio que corta o grand canyon. O recorde anterior é de 37 horas e eles tem que realmente se preparar, o que significa desde projetar e construir um barco adequado para o desafio quanto treinar diariamente, conciliando isso com suas atividades rotineiras de pais e esposos. É arrepiante acompanhar a saga, torcer por eles  à medida que entendemos a medida do desafio… e aprender muito com toda a jornada. Belíssimo.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=YygZTHBak6Y&w=560&h=315]

Em seguida é possível sentir a adrenalina nesta descida alucinada de bike feita por Dan Atherton.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=DhBPFr3RRso&w=560&h=315]

Ou se emocionar com a história da montanhista que encontrou uma maneira de conciliar a maternidade com a sua paixão pelo Alaska.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=wy6sqxD_4ro&w=560&h=315]

Ver o divertido – e feminista – curta sobre a presença feminina cada vez mais forte nos esportes de aventura, ao som de Cake.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=gojOJwYwFfM&w=560&h=315]

E teve também o belo documentário brasileiro Sangue Latino, que narra a história da abertura de uma trilha para escalada em rocha na Bahia, por um grupo de amigos, que também é bela ao demonstrar o trabalho em equipe e a busca por um objetivo comum. Uma pena que não encontrei o vídeo.

O festival teve mais uma sessão no domingo, que eu perdi. Mas a programação está aqui e vale a pena fazer como fiz para escrever este artigo, fuçar no Youtube / internet pelos títulos e conferir. A galera do esporte de aventura está de parabéns.

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Paulo Farelos

Deixando alguns farelos para seguir meu caminho… com essa frase, inspirada em conto infantil essa frase marcou o início do projeto Farelos de Pensamento. Este espaço agora não guarda mais apenas pensamentos soltos mas também todos os meus textos que antes estavam espalhados por aí, em meu outro blog, no qual não vou mais escrever e de onde, aos poucos, vou puxar todo o conteúdo também para cá. Mas aqui também vão ter minhas resenhas para filmes e trailers, as minhas crônicas e textos, meus podcasts, meus vídeos. Assim, como meus interesses culturais passeiam pela literatura e os quadrinhos e se concentram com mais força em música e cinema pops, ainda que o circuito de arte também me desperte interesse, então os farelos de pensamentos passaram a ser farelos de qualquer coisa, pois vivo muito de blá-blá-blás e outras amenidades diversas. Um farelo para cada um desses momentos. E o caminho segue. E há tantos caminhos possíveis.