Stardust é muito bom!

Stardust é muito bom! Excedeu minhas expectativas ao me entregar muito mais do que eu esperava receber deste livro ilustrado de fantasia, escrito pelo genial Neil Gaiman, em 1998.

Eu soube um pouco do que se tratava a estória quando a adaptação do livro para o cinema começou a ser feita. O elenco desse filme já mostrava que tinha algo interessante nesse universo: Michelle Pfeiffer, Robert de Niro, Ian McKellen e Peter O’Toole do lado dos medalhões e do lado dos jovens talentos, Claire Danes, Sienna Miller, Ricky Gervais e Charlie Cox. Não vi o filme ainda, mas agora ao terminar de ler o livro sei que tenho que resolver essa pendência o quanto antes.

Mas, afinal, o que tanto encanta em Stardust? Antes de mais nada, reforço que “encantar” é justamente o verbo adequado para explicar a sensação. O livro narra a estória de Tristan Thorn, jovem apaixonado que tem que ir ao “mundo do lado de lá” para buscar algo que prometeu à mulher amada: uma estrela cadente. Dito assim, não parece que haverá salvação nessa estória, não é mesmo?

Ledo engano, a imaginação do autor, sua prosa econômica mas elegante, a trama ricamente elaborada com um arco dramático que nos faz chegar ao final torcendo pelo destino dos personagens coroam a aventura fantástica (nos dois sentidos) do rapaz pelo mundo mágico. Esse mundo aliás que é capaz de proporcionar não só belas imagens (nas gravuras de Charles Veiss que acompanham o livro) como também belas alegorias. A estrela cadente, no mundo mágico, tem a forma de uma pessoa. Na verdade, há até uma explicação para o tal mundo mágico, que fica ali na Inglaterra. Lá é o depósito de todas as coisas e seres nos quais os humanos não acreditam mais. Anteriormente, fazia parte de um mesmo mundo mas à medida que fomos deixando de acreditar, as coisas aos poucos foram se mudando para o “mundo do lado de lá”. Todo personagem têm sua razão de ser, ocupa o espaço necessário dentro da trama e é tão bem desenvolvido em seus propósitos que podemos até antecipar como cada um reagirá e seus próximos passos, sem que com isso o livro se torne previsível mas, apenas, fazendo com que os personagens se tornem críveis. E as sucessivas trapaças aplicadas em camadas tornam o jogo de gato-e-rato irresistível. Para que fique claro, achei a jornada de Thorn para encontrar a estrela cadente mais interessante do que a jornada de Frodo para destruir o um-anel (sim, eu também li O Hobbit e o Senhor dos Anéis e essa é uma comparação entre os livros e não entre os filmes).

Tenho um gosto particularmente realçado para situações bizarras, estranhas. Foi surpresa, portanto, quando aqui também me deparei com algumas situações totalmente absurdas em certos contextos mas que nas mãos de Gaiman ganhavam um realce ora tocante, ora inquietante e ainda, por vezes, apenas divertido.

Exemplo disso é um conselho recebido pelo aventureiro, já no mundo mágico, de que apesar de sempre dever dizer a verdade quando perguntando, seria melhor não ser muito objetivo quanto às suas reais intenções (resgatar a estrela). O conselho, então, era para que ele respondesse “De trás” quando perguntado sobre onde vinha e que respondesse “Pra frente” quando perguntado para onde ia. Uma outra personagem, por sua vez, quando questionada sobre seu poder e sua inesperada longevidade, responde: “O esquilo ainda não achou a bolota que vai se transformar no carvalho que vai ser cortado para se transformar no berço do bebê que vai crescer para me matar”. E nem preciso dizer que o tal esquilo acaba por aparecer na estória. 😉

Conhecia Neil Gaiman dos quadrinhos de Sandman, que achava geniais. Estou cada vez mais interessado neste autor, apesar de ter lido um conto seu recentemente (Como Falar com Garotas em Festas) e ter achado tão mais ou menos.

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