Thiago Pethit lança novo clipe assinado por dupla premiada em Berlim
Thiago Pethit coleciona clipes que marcaram uma geração, como é o caso de Nightwalker, Moon e Romeo, e agora apresenta mais uma grande obra com Me Destrói, música do disco Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação) (Independente – 2019), lançado em março. A narrativa do vídeo apresenta personagens apaixonados e obcecados, envoltos por um sentimento de autodestruição. O artista divulga também uma capa para a música, assinada pelo artista plástico Samuel d’Saboia, que foi o responsável pela arte do primeiro single do álbum, Noite Vazia.
Na direção de Me Destrói, a dupla Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, que está em Cannes, participando como jurada do Queer Palm, buscou inspirações em obras de Hitchcock e Caravaggio. Filmado em Porto Alegre, durante o carnaval, o vídeo traz referências do cinema noir e de filmes de suspense: “As obsessões amorosas dos personagens foram nosso fio condutor para encontrar essas imagens e situações“, comentam os diretores, que completam “desde a primeira vez que escutamos Mal dos Trópicos ficamos muito tocados. É um trabalho muito forte, que junta um olhar íntimo, sentimental, sexual, com perspectivas políticas. E esse ponto de vista nos interessa muito em nossos filmes. Além disso, é um álbum com muitas referências cinematográficas. Escutamos a primeira música e não conseguimos parar até o fim”. A produção do vídeo é da Avante Filmes, de Thiago, da Clava, além da Machina Filmes e da Galo de Briga Filmes, como produtoras associadas.
A identificação entre os diretores e Thiago foi recíproca desde o início, quando ainda nem se conheciam pessoalmente. Thiago conta que soube do trabalho da dupla pelo filme Beira-Mar, em 2015, apresentado por sua amiga, a artista plástica, cantora e poeta, Liana Padilha. “Na época, houve uma identificação artística pra mim. Sobretudo pelo fato de serem dois artistas gays, falando sobre seus universos de forma bastante sincera e sensível no cinema, enquanto eu propunha algo assim na música“. Depois, Thiago passou a acompanhar os passos de Filipe e Marcio, que lançaram o filme Tinta Bruta ano passado e, com ele, percorreram importantes festivais de cinema internacionais, tendo conquistado o Teddy Award de melhor filme, no Festival de Berlim, e o prêmio de melhor filme, bem como o de melhor ator para Shico Menegat, no Festival de Cinema do Rio.
Tinta Bruta foi um importante elo entre Filipe, Marcio, Liana e Thiago, uma vez, que conta com a música Leite, do NoPorn, duo de Liana e Luca Lauri, com a participação de Thiago, na trilha do filme. “A primeira reação que tive ao ver o trailer de Tinta Bruta, antes ainda de ver e me apaixonar pelo filme todo, foi novamente de identificação. Mas dessa vez sob um aspecto mais denso também. Assim como o meu trabalho e minha visão sobre o mundo passaram por uma transformação muito grande dadas as mudanças no país, o deles também espelhava isso de alguma forma em comum. E eu escrevi pra eles por isso, porque senti que havia qualquer coisa latente que assemelhava nossos trabalhos”. Thiago, Filipe e Marcio se encontraram na véspera da estreia oficial do filme nos cinemas brasileiros e passaram uma tarde toda conversando: “Eu tinha a ideia de criar um videoclipe que pudesse, depois de Moon e Romeo, explorar a questão da afetividade e da sexualidade em 2019. Neste ano após eleições em que tudo parece tão suspeito, tudo gera uma certa paranoia. Como é falar do sexo e do amor agora?“, pergunta Thiago. “Nos interessava bastante explorar essa múltipla história de várias pessoas em situações de intenso desejo e autodestruição, a fixação pelo outro como caminho sem volta“, reflete Filipe.
No elenco, estão reunidos alguns nomes da nova cena de atores, como o ator principal de Tinta Bruta, Shico Menegat, que atua como o personagem obcecado por Thiago, enquanto um dos diretores, Marcio, também dá vida para uma figura chave do roteiro. Liana Padilha, que atua como fotógrafa, comenta sobre a sua participação: “Me Destrói é a minha estreia em película. Um convite do Thiago Pethit, com direção de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, dois jovens diretores que traduzem de forma lírica e amorosa, esses anos tão loucos. Amo cinema. Sou uma tímida exibicionista. Tenho certa dificuldade com a captura da minha imagem, em anos de trabalho com música não apareço em nenhum clipe do NoPorn, por exemplo. Agora é uma estreia, de uma forma linda e inspirada pela narrativa poética do ‘Orfeu da Consolação’. Somos todos filhos da noite sem fim e vagamos em busca de afeto, poesia e algum entorpecimento“.
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