Umbigo, umbigo meu, existe alguém mais valioso do que eu?
Existem pessoas mais valiosas do que eu? Sim, obviamente. Mas, se essa pergunta fosse legitimamente respondida sob a análise única e exclusiva do meu próprio umbigo, ai já cabe protesto.
Vejamos o que diria o meu umbigo…
Afinal, não há ninguém que sabe melhor do que eu todas as ótimas ideias que eu tenho, ninguém acompanha, junto comigo, todas as vezes em que eu fui sensacional… e mesmo nas vezes em que eu não fui tão genial ou tão legal assim, ninguém melhor do que eu para entender o que me limitou ou quem me atrapalhou.
Pois é, sob a minha própria perspectiva, eu até que sou um cara bem OK.
Da mesma forma que ninguém é um observador de mim tão bom quanto eu mesmo, em geral eu sou também um observador não tão bom de quem não sou eu – tenho que admitir isso. É um pouco difícil, para mim, entender ou valorizar as ideias dos outros, que alternam entre as mal elaboradas e aquelas que são boas, mas que foram tramadas claramente para que a pessoa, cuidado com ela, possa tentar se sobressair sobre mim.
Quando estamos em grupo, prefiro falar do que ouvir, pois vai que falem antes de mim o que eu iria dizer. Vão pensar que eu não tinha pensado naquilo – ou, pior ainda, que eu nem sabia.
Até aqui estou falando mais de ideias, mas quando começam a falar de fatos eu também gosto. Afinal, eu já fiz tanta coisa fantástica e é sempre bom poder discorrer sobre meus feitos com uma plateia bacana, que saiba valorizar tanto uma boa história quanto uma pessoa que sabe contá-las. Aproveito também para deixar claro o que foi que eu fiz, o que eu pensei quando estava fazendo, como foi o plano de preparação para fazer e também como foi a sensação depois de ter feito. As coisas que eu não fiz, acho legal também deixar claro que não fiz por opção e quais são estes motivos que me levam a não fazer. Sou senhor de mim.
Eu sou bom para escolher o que um grupo de pessoas deve comer e também sou ótimo para decidir qual programa de TV todos devem assistir. Adoro escolher a música que vai tocar na festa e me recuso a discutir assuntos que eu não tenha muito domínio, prefiro debater sobre aqueles que ao invés de aprender, eu possa ensinar.
Bom, como vocês puderam ver, é melhor não deixar o meu umbigo falar… o problema é parar de ouvir todos os outros umbigos tagarelas que encontramos por aí…
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