Calvin e a perda de tempo…
(Calvin): Estou em casa! Estou livre! O resto do dia é todo meu!!
(Calvin): Finalmente, um tempo para mim! Liberdade, ah preciosa liberdade!! Ha ha ha
(Calvin): …
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E é assustador ver como a TV foi substituida pela internet… se Bill Waterson fosse fazer a mesma tirinha hoje provavelmente a faria sobre o Facebook e, ironicamente, a divulgaria também por lá. E é mais assustador ainda notar que não precisamos mais “chegar em casa” ou estar em qualquer lugar para consumirmos a tal conectividade… ela vai junto com a gente, em nossos smartphones, onde quer que estejamos.
Uma consequência óbvia disso e que, cada vez, temos menos tempos de calmaria, sem estimulos que nos atraiam a atenção. Menos ócio criativo de fato. Menos tempo desconectado. Outra consequência disso é que, cada vez mais, estamos nos afastando do mundo natural. O que é uma pena. Cada vez mais, por exemplo, a ciência é desenvolvida totalmente em máquinas e não mais em observações ou insights. Os cálculos de predições precedem a observação da natureza. Pessoas estudam anos um animal sem nunca terem tido contato real com ele. Dados são suficientes.
A televisão alienava, mas era um elemento estático, unidirecional. Hoje, com a internet, a possibilidade de interação diversificou, dinamizou e pulverizou o acesso e a geração de informações. De maneira irreversível, hoje um grande desafio que temos em um bate-papo com amigos é sermos mais interessantes para eles do que seus smartphones. E não é a toa que já temos iniciativas como empilhar celulares na mesa do bar e deixar a conta a ser paga por aquele que não resistir a dar uma olhada se tem nova mensagem…