Cinema de verdade

Com a Dri aterrissando por aqui durante alguns dias e a gente querendo aproveitar ao máximo o curto período juntos e, logo em seguida, com a Copa do Mundo para preencher os dias tenho visto menos filmes do que antes. Mas não que eu não tenha visto nenhum. Vi dois bons filmes e, o que é melhor, os dois no cinema, com o prazer que apenas a tela grande e a sala escura são capazes de proporcionar. Estou certo que ambos ganharam em importância pelo simples fato de terem sido vistos no cinema e não em casa, na telinha da TV ou no monitor do meu notebook.

Kick-Ass: Quebrando Tudo (4/5)
Filme divertidíssimo, dirigido por Matthew Vaughn, o mesmo da adaptação de Stardust. Aqui, os quadrinhos de Mark Millar e John Romita Jr. dão origem ao filme que narra a estória de Dave, um típico nerd que se intimida com a simples presença da menina de seus sonhos na escola e divide o seu tempo entre estudar e bater-papo com seus amigos sobre a cultura nerd: quadrinhos, seriados, etc. Em um desses papos ele  pergunta como, até hoje, nenhum lunático se vestiu de super-herói e saiu para tentar combater o crime. Neste mesmo dia, ele e seus amigos são assaltados ao voltarem para casa e uma pessoa observa, passiva, todo o acontecimento da janela de sua casa. Era a revolta que faltava para que Dave resolva fazer o que os outros não tem coragem e apesar de franzino e sem nenhuma experiência em combate ele assume a identidade secreta de Kick-ass e tenta ajudar a tornar sua cidade um pouco mais tolerável. Ao ser quase espancado até a morte mas, de certa maneira, bem-sucedido em sua primeira missão, Kick-ass torna-se um herói de verdade e motiva o aparecimento de outros heróis (Hit Girl, Big Daddy), dando início então a uma cruzada contra o grande mafioso da cidade e a corrupção da polícia. Contar além disso seria estragar o filme mas vale dizer que o diretor tenta manter os acontecimentos dentro do mundo real – ao menos com a violência e suas consequências físicas aos personagens sendo tratadas de maneira bastante real. Dito assim, parece que trata-se de um filme sério, talvez na esteira de “Cavaleiro das Trevas”, mas não. Kick-ass é um filme super-divertido, narrado pelo personagem principal com várias tiradas pop, cult, nerds e que é sempre agradável, engraçado e divertido. Nicolas Cage surge impagável como o trágico Big Daddy, o protagonista Aaron Johnson é excelente, Mark Strong está hilário como o mafioso Frank d’Amico bem como Christopher Mintz-Plasse que interpreta seu filho. Os momentos de constrangimento quando os super-heróis fantasiados se encontram e tentam fazer um ar imponente quando se cumprimentam é de chorar de rir. Mas a melhor personagem é a Hit Girl de Chloe Moretz. Dona de várias falas impagáveis e aficionada por armas e por matar – aos 11 anos de idade. Recomendo!

A Ilha do Medo (4/5)
Filme mais recente do mestre Martin Scorsese, repetindo aqui sua habitual parceria com Leonardo diCaprio. Ele vive Teddy Daniels, um detetive encarregado do caso de encontrar uma paciente desaparecida de uma instituição mental que abriga criminosos em uma ilha, a Shutter Island do título americano. As circunstâncias em que ela desapareceu são cheias de mistério, beirando o sobrenatural e todos na ilha tem um comportamento suspeito, aparentemente escondendo algo de Daniels. No entanto, ele próprio mantém seus segredos já que tem uma motivação pessoal para se dirigir até a ilha. Sempre escoltado por seu novo parceiro, Chuck (Mark Ruffallo, muito bem) e tendo que lidar com os internos, a polícia local e os chefes dos psiquiatras (Ben Kingsley e Max Von Sydow), Teddy aos poucos se vê envolvido com a sua busca de uma forma que sua própria sanidade é posta a prova. Adaptado de um livro de Denis Lehane (Sobre Meninos e Lobos) o roteiro é muito bem amarrado e apresenta, em retrospectiva, elementos suficientes para esclarecer o ato final e engrandecê-lo, tornando o filme memorável. Recomendo!

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