E os filmes não podem parar…

STARDUST (3/5)
Stardust, filme de Matthew Vaughn, diretor que está atualmente em cartaz com Kick-Ass, é uma adaptação de um belo livro de Stardust, sobre o qual escrevi há um tempo. O livro é muito mais encantador do que a sua adaptação que toma muitas liberdades para condensar a estória e as motivações de tantos personagens. Apesar de simples, a trama tem muitos elementos e a sua graça está justamente em entender o encaixe perfeito das peças. O elenco é estelar, encabeçado por Claire “Julieta” Danes e Charlie Cox (ator sem renome, mas competente) e com Michelle Pfeiffer, Robert de Niro, Peter O’Toole, Rupert Everrett, Sienna Miller e participação especial do comediante Ricky Gervais. Mas nem tudo são flores, já que a interpretação de Pfeiffer como a bruxa Lamia é risível e exagerada, ao contrário de De Niro que como o Capitão Shakespeare tem interpretação exagerada porém engraçada. O que funciona na estória filmada é o envolvimento do casal principal, a Estrela Cadente e Tristan Thorn. O que não funciona é a trama elaborada pelo escritor Neil Gaiman, que discute em seu subtexto o destino e o livre-arbítrio de uma forma muito interessante ao narrar a estória de Tristan e de sua busca, em um mundo mágico do além-Muro, por uma estrela-cadente para presentar o seu amor adolescente, sem saber dos perigos que a sua busca trará, já que a estrela também é cobiçada por Lamia – em busca do coração pulsante da estrela que trará a ela beleza e juventude – e dos herdeiros do trono do Mundo das Tempestades, que precisam recuperar a estrela como último teste para assumir o poder. Como já havia lido o livro e tinha altas expectativas, não consegui apreciar tanto o filme e nem aprovar as mudanças. Talvez esse tenha sido o problema.

A PROPOSTA (3/5)

Comédias românticas são um gênero em que há pouca inovação. Seguem sempre a mesma cartilha. Alguns apostam mais na comédia e outros apostam mais no romance enquanto outros conseguem um bom equilíbrio, mas isso é mais forma do que conteúdo uma vez que a maioria dos filmes apresenta o casal que ou se separa ou se detesta e que é forçado ou a viver separados ou juntos e que ou descobre que não consegue viver sem o outro ou que precisa do outro para viver. E que sejam felizes para sempre. A Proposta, filme recente com Sandra Bullock e Ryan Reynolds, investe na narrativa de forçar a convivência de patrão e subordinado, ele detestando ela, uma vez que por conveniência para ambos eles aceitam forjar um casamento. E a primeira missão do novo casal é passar um fim de semana na casa dos pais dele para comparecer à festa de aniversário da vovó. A parte do filme que tenta fazer rir apela para escatologia, bizarrice e um humor que a mim não diz nada. E chega a ser constrangedor. Já a parte do romance até que funciona e a química do casal é interessante, como os momentos em que começam a se conhecer além dos estereótipos que enxergavam um no outro, dando mais dimensão aos personagens. Mas o fato dele ser “riquinho e nunca ter dito por estar tentando vencer por seus próprios méritos” e o conflito forçadão com o pai fazem ele dever um pouco a ela. Mas se não dou nota 2 ao invés de 3 ao filme é só pela sua frase final que é uma ótima tirada (spoiler): “eu preciso que você case comigo porque eu quero começar a sair (namorar) com você”. Uma descontrução de como relacionamentos funcionam que se encaixa muito bem com a estória dos personagens e que, para mim, é a melhor cena do filme.

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