Humberto Gessinger e o seu novo trio…

Em determinado momento do show ele diz “Eu sou do tempo em que não era crime (homem) ter cabelo comprido e nem uma banda fazer música longa. Eu fiz várias e vou tocar uma delas para vocês” e começou a tocar a música que é, junto com Piano Bar, a minha favorita dos Engenheiros do Hawaii. A música que reproduzo acima, executada pelos mesmos músicos que tocaram para mim na última sexta-feira, 10/05, em Joinville: Gessinger, no baixo e vocais, Rafael Bisogno (bateria) e Rodrigo Tavares, nas guitarras. A música é A Violência Travestida faz seu Trottoir e diz, em certo trecho: “uma bala perdida encontra alguém perdido / encontra abrigo num corpo que passa por ali / e estraga tudo, enterra tudo, pá de cal / enterra todos na vala comum de um discurso liberal” pois “a vida quando acaba / cabe em qualquer lugar / e a violência travestida / faz seu trottoir“.Gessinger vive, hoje, do sucesso que construiu nos anos 80. Nos anos 90 a banda se desfez e houve um álbum com uma formação diferente, um novo projeto, chamado Gessinger Trio. Depois houveram novas formações dos Engenheiros do Hawaii, novas tentativas solo e, mais recentemente, o duo Pouca Volga com Duca Leindecker. E de novo a carreira solo e uma turnê com um novo trio. Mas o público, enquanto espera por sua entrada no palco, ainda grita: “Ow, Engenheiros, ow, Engenheiros”. Sim, ele vive dos sucessos de seu passado, apesar de incluir no concerto músicas compostas nos anos 2000 e até duas canções inéditas!

Por falar no novo trio, é necessário comentar que a presença de Rodrigo Tavares (ex-Fresno) tocando guitarras trouxe um peso muito bem-vindo às composições clássicas. Ele não é um grande instrumentista e não consegue executar com precisão vários dos trechos das músicas tão conhecidas pelos fãs… mas, ao mesmo tempo, usa distorções e uma roupagem hard-rock que descaracteriza e moderniza um pouco nossas velhas conhecidas.

O concerto foi, portanto, muito agradável pois é sempre bom ouvir canções que marcaram uma fase tão boa da vida… Piano Bar, Ando Só, O Exército de um Homem Só, Infinita Highway, Refrão de Bolero, Pra ser Sincero, Somos Quem Podemos Ser, Várias Variáveis… são várias as músicas que perfilam as duas horas em que o novo Gessinger trio se apresenta. E vale, sim, muito a pena revivê-las!

Ainda mais quando antes somos apresentados ao 9 de Espadas, banda de Joinville que bebe na fonte do rock brasileiro dos anos 80. É pena que o público não os tenha prestigiado como mereciam, ainda que uma ou outra músicas tenham encontrado coro na platéia. O rock da banda é muito bem produzido, contagia, o vocal é bom e os músicos são afiados.

E o tal Mr. Pi, do Pijama Show da Rádio Atlântida, que também é músico nas horas vagas, entrou durante o show do 9 de Espadas, assumiu os vocais e ouvimos duas versões brilhantemente executadas, muito mais rockers do que os originais, de Sociedade Alternativa (Raul Seixas) e Meninos e Meninas (Legião Urbana). Renato Russo sendo cantado no mesmo palco em que Gessinger se apresentaria minutos depois? Quem viveu os anos 80 – e os diversos mitos que se propagavam e dificilmente podiam ser checados – sabe que Gessinger e Russo são inimigos mortais… será mesmo? Bem, eu achava que o mito era verdade… mas quando o ex-líder dos Engenheiros substituiu Julio Iglesias por Renato Russo em Piano Bar, eu acho que finalmente a minha resposta estava dada. Era balela…

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