Música Raivosa
Música é algo que me acompanha e sempre acompanhou. Posso dizer que nasci um músico frustrado.
Primeiramente, por não ter aprendido nenhum instrumento – e nem ter sido muito incentivado à música, na primeira infância, algo irreversível. Mas tive uma infância na presença dela. Meu pai, outrora músico, ainda tinha uma vasta coletânea e insistia em tentar aprender a tocar teclado e em ver minha irmã tocando violão. Essa mesma irmã chegou a cursar aulas de piano por mais de um ano e, com ela, aprendi a ouvir rock’n’roll. E minha mãe contribuiu com Roberto Carlos, alguns “clássicos” sertanejos e “música romântica” – Paul Mauriat incluído – da melhor qualidade. Posso dizer que minha mãe sofreu uma metamorfose desde essa época até hoje, sendo capaz de pedir de aniversário para mim um CD do Nick Cave. 😉
E eu? Bem, desenvolvi um gosto particular por música e, em especial, por letras de música. Minha necessidade de palavras que evocam sentimentos encontravam eco, inicialmente nas letras progidiosas de Renato Russo ou então cataclísmicas de Raul Seixas. Com o tempo, as letras de música me ofereceram o benefício secundário de aumentar consideravelmente o meu vocabulário de inglês, ao dedicar algumas horas para analisar, decodificar e buscar entender letras de músicas nesta língua. E valia de tudo, de A-ha e U2 a Tindersticks e Pearl Jam.
Porém sempre tinha aversão completa ao “hard-rock”, “punk-rock”, “heavy-metal” ou qualquer designação que remetesse a “música raivosa”. Não entendia como era possível ouvir aquilo e até coisas que hoje considero leves, à época me soavam como gritos.
Durante a universidade essa barreira foi aos poucos sendo rompida, muito por influência de alguns amigos que apresentavam músicas interessantes de Rage Against the Machine a PIL. Comecei a entender melhor o poder de uma música raivosa com sentimento. Me afeiçoei a clássicos do Metallica e do Iron Maiden. Curti Rush. Fui aos poucos fazendo minhas próprias descobertas, ao ponto de me apaixonar por System of a Down sem qualquer influência, descobri catando clipes na MTV. Hoje, sou aficionado pelo SOAD. Música excelente, inclusive como trilha sonora para apoiar a concentração durante o trabalho. 😉
Hoje voltei a ouvir Rage Against. Estou ripando para Mp3 todos os meus CDs, por ordem alfabética. Hoje terminei de ripar os Rs. Renato Russo, R.E.M, Radiohead, Roberta Sá, Ramones e por aí vai. E Rage Against. Quis ouvir “Killing in the Name” de novo, só para ver se ia gostar. Acho que lá já se iam alguns bons anos. E foi como reencontrar um velho amigo, que me ajudava a estudar para provas, que me ajudava a pular feito bobo na sala, sozinho, gritando e descontando no ar frustrações ou apenas permitindo extravasar emoções. Sim, foi um reencontro interessante e emocionante. Ouvi o álbum todo.
Não vejo a hora de chegar ao “S” e rever os velhos amigos de origem armena…
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