O dia dos namorados e as datas festivas

O dia dos namorados e as datas festivas

Ontem, 12 de junho, vivenciamos no Brasil mais um dia dos namorados. No resto do mundo ocidental, como se sabe, comemora-se o dia em outra data, 14 de fevereiro, dia de São Valentim, santo que dizem ter emprestado a imagem ao próprio anjo cupido. Talvez, no Brasil, devessem ter escolhido o dia de Santo Antônio, conhecido como casamenteiro. Mas, na prática, ficou mesmo para a véspera. Vai entender.

Tem até quem diga que, na verdade, a mudança da data no Brasil não tem nada a ver com Santo Antônio e sua fama de arranjar parceiros para quem queira, mas sim com uma decisão do comércio, para ter uma data para movimentar suas vendas mais para o meio do ano, período meio vazio deste tipo de festejo, e mais distante do carnaval, que em muitos anos se vê misturado à data dedicada ao cupido Valentim.

Pode até ser e me parece bastante provável. Datas festivas menos artificiais, como o Natal e a Páscoa, importantes datas das principais religiões cristãs, já foram devidamente lapidadas para servir ao deus comércio.

Eu não tenho nada contra darmos e recebermos presentes, buscarmos uma refeição diferenciada de vez em quando ou até preparar ovos usando chocolate, o que é realmente preocupante é quando, para quem presenteia ou come, o que tem importância são os valores investidos nas aquisições e não mais os valores que estas datam deveriam resgatar em nós.

É triste ver que o amor só pode ser celebrado se conseguirmos a disputada reserva naquele badalado restaurante, ou que se eu gastei tanto com seu irmão então não posso gastar menos com sua irmã – senão ela vai reparar, mesmo que o presente mais caro não tenha tanto a ver com ela, ou ainda que a gente prefira pagar preço de ouro no mesmo chocolate vendido durante o restante do ano, só porque ele endureceu em uma forma diferente. Mais triste ainda é que às vezes temos consciência disso tudo e ainda assim os tais padrões sociais nos superam e nos vemos fazendo aquilo que não acreditamos, para não sermos julgados. E quando a opinião que tenham sobre nós vale mais do que a nossa própria opinião sobre nós mesmos, já nos vendemos.

Assim sendo, vale mais curtir com o seu namorado(a) ou esposo(a), se você estiver acompanhado neste dia. Aproveite, divirta-se, brinque, dê risada, beije, faça carinhos, converse, seja feliz. E se não estiver com ninguém, aproveite também. A vida vale mais do que rótulos e ninguém tem o direito de te julgar. A felicidade não se compra mas também não se vende – e muito menos tão barato quanto a tal “sociedade”, pronta para julgar a tudo e a todos, está disposta a pagar.

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Paulo Farelos

Deixando alguns farelos para seguir meu caminho… com essa frase, inspirada em conto infantil essa frase marcou o início do projeto Farelos de Pensamento. Este espaço agora não guarda mais apenas pensamentos soltos mas também todos os meus textos que antes estavam espalhados por aí, em meu outro blog, no qual não vou mais escrever e de onde, aos poucos, vou puxar todo o conteúdo também para cá. Mas aqui também vão ter minhas resenhas para filmes e trailers, as minhas crônicas e textos, meus podcasts, meus vídeos. Assim, como meus interesses culturais passeiam pela literatura e os quadrinhos e se concentram com mais força em música e cinema pops, ainda que o circuito de arte também me desperte interesse, então os farelos de pensamentos passaram a ser farelos de qualquer coisa, pois vivo muito de blá-blá-blás e outras amenidades diversas. Um farelo para cada um desses momentos. E o caminho segue. E há tantos caminhos possíveis.