O que há de especial nos fins de semana?
Em geral, são nos sábados e domingos que a gente aproveita para descansar, para ir para a praia ou curtir uma piscina, para visitar os amigos ou reunir a família para um agradável almoço, para ir ao estádio ver seu time do coração jogar, para sair a noite com os amigos para ouvir uma música ao vivo e papear, para preparar aquele almoço que leva horas até ficar pronto ou para sair e conhecer o restaurante novo que abriram aqui no bairro. Para os que trabalham, a sexta é o delírio e a segunda o martírio. Para os que estudam, é no fim de semana que vem o relaxamento e a necessária pausa para assimilar o conteúdo. A noite de sexta e a de sábado são diferentes das noites de segunda a quinta… e nenhuma se compara ao anoitecer dos domingos, quando a temida semana que vem se aproxima em caráter definitivo e ameaçador.
É nos finais de semana que acontece a vasta maioria dos casamentos… também as comemorações dos aniversários, sempre que possível, são empurrados para ali, para que mais gente possa estar junto com o aniversariante, ainda que a celebração não ocorra exatamente no dia que deveria. Se o assunto é lazer, o final de semana também se destaca, então se vou aprender a fazer pizza ou a jogar tênis, nada melhor do que uma aulinha no sábado pela manhã ou uma prática de ciclismo no domingo a tarde, com as ciclovias abertas e prontas para isso.
Mas os fins de semana também nos recebem bem em casa, oras, é óbvio, afinal para a grande maioria das pessoas é necessário sair de casa durante a semana, para ir ao trabalho, ou à escola, não importa, o normal é ser obrigado a não estar em casa de segunda a sexta então para quem curte acordar mais tarde, deitar numa rede para ler um livro ou alongar-se no sofá com o controle remoto da TV (ops, da Netflix) na mão, o fim de semana também não desaponta.
Mas, afinal, o que há de especial nos fins de semana?
Bom, primeiro é especial que um período conhecido como “fim de semana” englobe o último dia da semana e também o primeiro, o sábado e o domingo. Eu, particularmente, entendo que a sexta também é fim de semana, principalmente depois das 18 horas.
Existe um fim de semana especial para aqueles que creem, já que há uma ligação bastante forte com a criação do mundo por Deus e os repousos obrigatórios no sétimo dia das semanas, para os crentes de várias religiões, guardando-se os sábados. Os domingos são reservados para várias práticas e encontros religiosos, como as missas ou os cultos.
Mas acredito que hoje o que mais importa é o papel do final de semana nas relações de trabalho. Várias empresas e também as escolas não operam nos fins de semana e, com isso, várias pessoas tem seus períodos obrigatórios de descanso caindo nestes períodos. E, sendo assim, acaba sendo natural que as pessoas decidam concentrar tudo o que fazem (ou querem fazer) de lazer nestes períodos, para aproveitar que elas e outras pessoas de seus círculos sociais estarão livres. E ai, como um passe de mágica, o fim de semana se torna especial, pois está atrelado a essa convenção social, a essa organização da força produtiva para garantir previsibilidade e logística. É óbvio que para boa parte do comércio e também para quem trabalha justamente em prover opções de lazer, a lógica é exatamente ao contrário e o fim de semana é o melhor momento para trabalhar muito e ali garantir seus resultados financeiros.
Este farelo tagarelou tudo isso para apresentar dois pontos principais, o primeiro é para que pensemos bem em como tratamos os profissionais que nos atendem nos fins de semana. Imaginem que nós somos os patrões-chatos que temos aturar durante a semana e ninguém merece ser desmerecido, ainda mais quando está trabalhando.
O segundo ponto, tão ou mais importante que o primeiro, é que os sete dias da semana e todo o calendário que divide o passar do tempo em meses, anos, décadas e séculos, é apenas uma organização dos dias para acompanhar os ciclos lunares e solares, é importante para nos dar previsibilidade futura sobre o clima, o tempo, as estações e também para nos ajudar a planejar o futuro e registrar o passado. Fora isso, cabe a nós tornar cada dia especial e único. Não precisamos esperar o domingo para sorrir, para ligar para um amigo distante, para aparecer de surpresa na casa dos pais e filar uma bóia, para ir assistir a um jogo ou um concerto ou um filme, para levar o filho no parque, enfim, para viver por completo.
Eu até queria mais flexibilidade, mais possibilidades de viver as segundas como os sábados e os domingos como as quartas-feiras, se para mim funcionasse melhor. Mas, é óbvio, é mais forte do que a vontade de poucos e não há problema real na forma como as coisas funcionam hoje… desde que não haja idolatria e nem um período de dias reservado para sermos felizes ou sermos quem queremos ser. Se a semana não nos tornar robôs, o fim de semana é só uma bem-vinda hora extra para sermos mais nós mesmos.
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