Parabéns, minha irmã!

Parabéns, minha irmã!

No dia 16 de julho de 2013 nascia essa coluna, fruto da vontade de três amigos em partilhar histórias e vontade de escrever. De lá para cá eu já escrevi 14 textos para nosso 171 Todo Dia. A maior parte deles resgata coisas que vivenciei e busca amplifica-los, uma tentativa de ir além do óbvio, de manter olhos despertos para o algo mais que a vida nunca nos nega se dela quisermos mais. Falei sobre viver simples, teci teorias da conspiração depois de urinar em uma estação de trem, falei bastante sobre viagens e música, mais de uma vez abordei o tema do uso do espaço público, falei de arte e também de bobagens. Mas hoje eu quero falar sobre um tema novo, a minha irmã.

Os 14 textos já publicados sou eu aqui refletido, cada texto um pedaço de mim. Quem convive comigo sabe que esses textos nascem de bate-papos, de observações pontuais, de coisas que ouço ou digo e das reflexões que se seguem. Tento fazer com que esses encontros quinzenais soem como bate-papos entre amigos e convido a todos para partilhar desses pontos de vista e – se possível – rebate-los, discuti-los, aprofunda-los. Comentários e críticas são mais do que bem vindas e só através deles é que o espaço será, de fato, um bate-papo.

Mas, por outro lado, como a caneta virtual é compartilhada com a amiga-irmã Misha Gibson, que alterna comigo a redação dos 171s, não deixa de ser um diálogo e mais de uma vez nós nos pautamos no texto do outro para redigir o nosso. E nestes casos já é bate-papo entre os dois autores da coluna, com um texto complementando, respondendo ou resgatando temas e assuntos abordados pelo outro. E é com satisfação que agradeço por essa troca com você, maninha!

O cotidiano de cada um de nós, no entanto, vai além das experiências que acontecem conosco, de como as transformamos em textos e de como esses textos se interconectam. E é por esse motivo que o texto de hoje é diferente, é especial para mim. Hoje não vou falar desse cotidiano que marotamente pisca para nós. Vou falar do cotidiano que está sempre presente em nossas vidas, na coisa mais rotineira que temos em nossas vidas: as nossas relações familiares.

Na maior parte de nossas experiências diárias há pessoas envolvidas. Dentre essas pessoas há aquelas que sequer conhecemos mas com quem interagimos – mais sobre estas no meu próximo 171 intitulado “Vou de Táxi” – e há aqueles com quem temos algum tipo de relação. Nesse segundo tipo podemos ter relações próximas ou distante, profissionais ou pessoais e dentre as pessoais temos aquele pequeno círculo, o mais íntimo, o que sustenta, chamado família. E com ela convivemos sempre e com ela tudo tem mais sentido, tudo é mais intenso, tudo é maior.
O meu núcleo familiar é pequeno. Mãe, irmã, cunhado, sobrinhos. Seis pessoas. E hoje vou falar de um dos seis, dela que ontem completou mais um ano – e lá se vão quarenta!  – minha querida irmã Isabela. Durante muito tempo eu a chamei de Irmãe, pois ela além de irmã era mãe; esse período foi na infância, em uma época em que minha mãe já separada de meu pai tinha que sair para dar aulas e garantir nosso sustento e futuro, e a Bela cuidava de mim com carinho e dedicação. Hoje eu a chamo de Belão, pois ela não é só Bela, é muito mais do que isso: mãe dedicada mas que antes de acudir a caçula fazendo arte, bate fotos e põe no facebook; esposa disciplinada que para melhorar só precisa aprender o que é esquerda e o que é direita, filha irreverente que para o pai manda cartas a cobrar (para exibir toda a criatividade) e com a mãe brincava de esconde-esconde na adolescência; irmã perfeita, sem mais, nem menos.

Te amo muito, só quero o seu bem e torço sempre por você! Esse é um presente insignificante mas foi uma maneira que encontrei de deixar registrado essa minha vontade de estar sempre por perto, de acompanhar cada vez mais próximo o passar do tempo ao seu lado. Já foram 40 anos, maninha e olha só que vida você viveu! Valeu, valeu cada sentimento, cada choro, cada conquista, cada sorriso, cada murãozinho que você pulou no trajeto, cada livro do Paulo Coelho que seu irmão te deu de presente de aniversário, cada mudança de uma cidade de 110v para outra de 220v – e foram tantas!

Que venham os próximos 40! Você merece demais.

Publicado originalmente aqui.

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