Sonhar além dos meus sonhos
Quer saber uma coisa muito boa que acontece em nossas vidas quando amamos alguém? A possibilidade de expandir seus próprios sonhos, de sonhar com alguém – que é algo que por si só já tende a ser muito maior do que qualquer sonho que se sonha só.
Eu já sonhei em ser jornalista esportivo, já sonhei em ser pesquisador, já sonhei em ter minha própria banda e já sonhei em ganhar na loteria e no que eu faria com a fortuna. Já sonhei sonhos possíveis e outros que beiravam a demência. Já sonhei acordado e já sonhei querendo acordar. Tenho carinho por todos estes sonhos que me alimentaram durante momentos tão importantes e diferentes de minha vida.
Mas há algo de diferente com o sonho compartilhado. Pode ser só comigo, mas eu o enxergo com um algo a mais, uma relevância adicional. Para começo de conversa, um sonho a dois já tem boas chances de ser mais altruísta, já não há mais apenas o “eu quero”, mas o “nós queremos” e essa é uma mudança crucial, pois ao querermos a mesma coisa o sonho já ficou maior e mais real. Muitos detalhes nebulosos passam a ganhar forma, muitas dúvidas ou incertezas são substituídos por apoio e determinação para se alcançar os objetivos. Um sonho a dois passa a ser uma meta, um local a ser alcançado. E quando o alcançamos, o regozijo é intensificado e dobrado, pois egoistamente estamos realizando um sonho, mas quando se olha para o lado, vemos alguém que amamos fazendo o mesmo – e com a nossa ajuda. Não há nada mais belo.
Nesta hora já não importa se o sonho era inicialmente de um ou de outro. Esse foi só o ponto de partida, a centelha. Há muito mais do que isso para ser vivido e é o trajeto que realmente vale, o caminhar a dois, o passo-a-passo construído no dia-a-dia, o caminho para se sair do desejo para a realidade, do que é imaginado para o que pode ser alcançado. E tudo isto já é feito em dupla de forma que o ponto de partida acaba ofuscado pelo caminho de braços dados e pelo pódio que guarda o lugar mais alto para os dois.
Quando se sonha a dois a gente se dá o direito de descobrir o novo, de se encantar por outras histórias, outros pontos de vista, outros desejos, outras vontades, outras ideias. E, é claro, amadurece-se neste processo. E nos tornamos melhores, simplesmente porque nos abrimos para o novo e para as novas possibilidades que o novo sempre traz. Ao permitir que os sonhos daqueles que amamos tenha espaço em nossas vidas, estamos sonhando e amando ao mesmo tempo.
As pessoas buscam receitas ou fórmulas mágicas de felicidade. Eu tenho a impressão de que a vida pode ser muito mais simples do que pensamos. A minha receita, pelo menos, é a de tentar manter um espírito de criança sempre vivo dentro de si e sonhar muito, e sempre que possível, a dois. Podemos todos ser crianças sonhadoras e felizes? Faz sentido para você? Sonha comigo!
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