Um Texto Sobre Obviedades
O que poderia ser mais óbvio do que escolher o próprio fim do ano como tema do último 171 de 2014? Nada, não é mesmo? Pois bem, aproveito então aqui, obviamente, o último 171 de 2014 para fazer os votos meus e da Vanzinha Gibson de que o 2015 de todos nós – incluindo você, ocasional leitor deste espaço – seja maravilhoso, cheio de paz, energia, coisas boas, conquistas, sucesso e tudo o mais.
Mas esses votos e esse assunto são muito óbvios. Tão óbvios quanto seria inverter o olhar em direção ao passado e traçar uma análise retrospectiva, um balanço de erros e acertos, visando, obviamente, corrigir rota e vislumbrar um plano de aperfeiçoamento de rotina, hábitos e qualquer outra coisa similar para os próximos 365 dias.
Mas não vou me render ao tão óbvio. Prefiro então dizer que já não é nada óbvio que esta coluna esteja ainda viva, há já mais de um ano, comemorando o seu segundo réveillon. Pode não ser tão evidente para os que leem mas para colunistas amadores – como eu – é extremamente complicado parir um texto coerente – nem sempre, eu admito – a cada 15 dias. Os temas são fugidios, sorrateiros. Por vezes, surgem claros em nossa mente, em outras, como hoje, nenhum nos apetece e temos que recorrer ao óbvio, err, ops…
A proposta original para criarmos esta coluna era nos permitir lançar um olhar diferente sobre o cotidiano. E neste sentido sou grato ao Teddy, nosso amigo e suposto terceiro colunista, que é o idealizador e padrinho do 171. Ele nos abandonou logo no primeiro mês e sem aviso, é verdade, mas nem por isso merece menos crédito. E a transformação que ele imaginou de fato aconteceu. Cada diálogo, cada situação presenciada, cada ideia nova entreouvida ou discutida com amigos ganha novos contornos. Parece que há uma necessidade de refletirmos mais profundamente sobre o cotidiano, para termos uma posição, um argumento, uma conclusão. E isso me enriqueceu. Então, se é assim, para sermos todos mais politizados – pois ser politizado diz respeito apenas a ter uma posição sobre as coisas que importam – eu desejo um 171 para cada um de nós: um espírito mais crítico, observador, atento e curioso.
Epa, parece que eu voltei para a história dos votos de ano novo… de novo. Mas não era óbvio, é que as vezes para disfarçar o óbvio somos obrigados a negá-lo… mas não mais. É óbvio que este nobre colunista estava desfrutando de um tempo com a família, viajando no fim de ano, e acabou deixando este texto para a última hora. É isso, fazer o quê? Agora eu vou abraçar o óbvio e vou ser feliz. Dá licença que é hora de estourar o Lambrusco!
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