Este é mais um texto de ano novo

Este é mais um texto de ano novo

Hoje é o último dia de 2013 e amanhã já estaremos em 2014. O que isso significa? O que isso muda? Estas são algumas das perguntas para as quais proponho uma singela reflexão neste texto. E por mais que esse seja apenas mais um texto de ano novo – e ele é – trata-se também de um texto sobre ciclos e é neste contexto que acredito que ele possa ser algo mais do que apenas um texto de ano novo.

Ciclos não tem origem. Nem destino. Seu destino, na verdade, é girar, girar, infinita e indefinidamente, sem trégua e para sempre. Os ciclos tem a incrível capacidade de auto-regeneração. Se partirmos de um ponto qualquer e caminharmos seguindo um sentido, em algum momento – esta é a natureza do ciclo – chegaremos novamente ao local de partida. Não chegamos, contudo, os mesmos que saímos. A experiência deste caminho de e até um ponto pode ser transformadora ou apenas repetitiva, depende principalmente de quem caminha.

Anos são apenas um tipo de ciclos. Eles começam no dia primeiro de janeiro e vão até o dia de hoje, o esperado trinta e um de dezembro. E amanhã já outro ciclo se inicia, outro primeiro de janeiro vem aí. Diferente do que passou, diferente dos que virão. A capacidade de renovação que muitos associam a essas viradas, a esses ciclos completados, não se deve à natureza circular dos anos mas a como nós os encaramos. As mudanças jazem em nós e estão, todas elas, afoitas por verem a luz do dia, em qualquer dia, qualquer mês de qualquer ano.

Dois outros exemplos de ciclos que também se fecham em 2014 são o ciclo presidencial brasileiro e o ciclo das edições de copas do mundo. São, ambos, ciclos de 4 anos. Será que o Brasil sairá campeão das urnas? Em projetos de estadistas quatro anos são insuficientes para as reformas necessárias. E quantos anos serão necessários para projetos de poder? Será que o Brasil sairá campeão dos campos de futebol? Será que haverão novos ciclos de manifestações públicas por melhorias diversas? Esses ciclos não podem ser tão curtos, para que suas exigências perdurem nos ouvidos de nossos políticos, que nada tem de estadistas. Mas divago apenas para pontuar que os ciclos estão ai permeando nossas vidas cotidianas.

Eu, do meu lado, vivi intensamente o último ciclo de 365 dias. Residi em, praticamente, quatro cidades diferentes: Lyon, Joinville, Costa Rica e Campinas. Visitei cerca de dez países diferentes, alguns a trabalho, a maioria por turismo. Vi e ouvi música, motor de minha vida. Li, brinquei, chorei e gargalhei. Encontrei gente que não via há tempos, fiz novos e inestimáveis amigos, conheci gente, muita gente. Alguns ficaram, outros apenas passaram. Cada dia é um ciclo que encerra em si uma vida de possibilidades. Mais ainda, além do simples ciclo de dias vividos fechei vários outros ciclos, alguns de anos, outros mais curtos… mas mais interessante do que notar esses fechamentos é notar as sementes plantadas que florescerão um novo caminho pelo qual será mais interessante trilhar…

Mas não é sobre esses ciclos fixos, de um dia, um mês ou um ano, que quero falar. Estes períodos que apenas possuem um poder imaginário sobre nós, que acabam ainda que não estejamos prontos. Ainda que “carpe diem” seja um bom mantra é no longo prazo que nossas vidas alçam voos em direção aos sonhos realizados. E para alcançar esses sonhos e torná-los reais precisamos não só saber para onde ir e iniciar o trajeto, é necessário organizar-se, estabelecer e cumprir metas menores que nos levem até lá. E é ai que o fim de ano volta, pois é nele que pensamos que podemos tudo, que o ano novo nos reserva uma vida nova. Eu digo NÃO! Qualquer dia nos reserva uma vida nova, é só decidirmos começar um novo ciclo, uma nova rotina, um novo caminhar. E trabalhar para que seja mesmo novo!

Não sei precisar quantos destes ciclos maiores eu iniciei e pouco importa! Importa pouco também saber precisamente quando eles se encerrarão. O que importa, para mim, é saber do caminho, da trilha e para isso preciso apenas de uma bússola, para não me perder. Quando chegar ao fim, saberei. Minha bússola? Apenas algumas diretrizes que compartilho com vocês: estar aberto e apaixonado pelas pessoas, procurar enxergar as oportunidades que a vida oferece para sermos sempre melhores, ser guiado pela paixão pela arte em todas as suas formas, buscar sempre a felicidade própria e dos próximos e buscar o conforto e a simplicidade no cotidiano para que a experiência de viver seja a mais prazerosa, agradável e virtuosa possível. Diretrizes que guardo comigo para que pouco importe o dia, o mês, o ano ou o ciclo que estou seguindo, para que o que é importante esteja comigo, hoje, amanhã e sempre.

Tenham todos um FELIZ 2014! E escolham sabiamente quais os caminhos seguir para colher – antes, durante ou depois do próximo ano – a almejada felicidade que todos merecemos.

Publicado originalmente aqui.

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