Saint-Malo, Monte Saint-Michel e Normandia

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Acordei em Saint-Malo e aproveitei o belíssimo dia de sol na Bretanha (raridade) para conhecer a praia e a cidade intra-muros, bem como as ilhotas que a circundam. Foi um passeio muito gostoso, especialmente pelo clima super agradável.

A praia é bem grande e é possível visitar o forte municipal (ao fundo, na foto acima) e as outras duas formações rochosas (Petit Bé e Grand Bé), que ficam à beira da praia, tudo caminhando, o que já preenche algumas horas agradáveis de passeio. Aproveitei o céu límpido, a temperatura agradável (15 graus) e o sol para ficar ouvindo o barulho do mar. É gozado que em Grand Bé tem um túmulo de um “grande escritor francês” que pediu para ser sepultado ali, ouvindo o vento e o mar pela eternidade. E ele não é identificado. Curioso.

A cidade intra-muros e a sua catedral são interessantes, principalmente pelo fato de aparentarem uma idade que não tem. Mais de 80% da cidade foi destruída em bombardeiros durante a 2a. Guerra. O que não tira o encanto do lugar, que outrora serviu como cidade-base de piratas, com seu porto natural.

Almocei galette + crepes (típico!) e segui para o Monte Saint-Michel, que fica a 50km dali. A sensação de finalmente avistar o monte, ainda de longe, é indescritível. Que lugar mítico, fascinante. Eu havia decidido pernoitar por ali, fazendo um passeio para fotos na parte da tarde e a visita à Abadia, com calma, na manhã seguinte. E foi uma decisão muito acertada, visto que na parte da manhã havia neblina que impedia completamente a vista! E, pelo que me informei, esse cenário é bastante normal.

Há 3 possibilidades de hospedagem. Ficar dentro do monte, ficar fora do monte mas em um dos hotéis que ficam próximos à ponte de acesso (um vilarejo interno) ou ficar em uma das cidadezinhas próximas ao monte. Optei pela terceira, principalmente pelo aspecto financeiro. Ficar dentro do monte é bastante caro, mas a segunda opção (vilarejo) tinha um hotel (Hotel Vert) acessível, preço muito próximo do que paguei para ficar a 5km dali. Não me arrependo, contudo, pois de lá também tinha vista para o monte, com as ovelhas pastando, que compõem tão bem a paisagem! E ainda pude alugar uma bicicleta no hotel e pedalar pela região, fazendo a visita ao monte de maneira diferente, divertida e que proporcionou diversos pontos diferentes para fotos! E que dia lindo foi o da minha visita, céu super azul, sol, tudo incrível!

No sábado pela manhã amanheceu muito neblinado no monte Saint-Michel. De forma que mesmo a poucos metros de distância era impossível vê-lo… sendo que na tarde do dia anterior ele se apresentava imponente no horizonte, mesmo a mais de 5km de distância, lá do hotel. Fiz a visita da Abadia e “entrei de gaiato” em uma visita guiada. O texto que a guia recitava era super interessante e fez valer ainda mais a visita. Recomendo!

Aprendi, por exemplo, que o bispo de Avranches mandou construir a abadia no início do século 8 quando, segundo a lenda, o arcanjo Miguel apareceu para ele em sonhos, por três noites consecutivas. As construções tiveram que se adaptar à geologia do local o que acabou forçando a construção piramidal que hoje observamos. Gostei especialmente de dois trechos sobre a Merveille, como é chamado o Monte Saint-Michel e, em especial, seu jardim interno reservado para as meditações dos monges beneditinos que ali habitavam. Esse jardim é cercado por uma área coberta para auxiliar na circulação entre as partes da abadia e é sustentado por 137 pilares. Há uma interpretação curiosa sobre o porquê dos 137 pilares. O número 137 é explicado através de uma decomposição em 1-3-7, sendo o 1 a unicidade divina e a vida em comum dos monges, o 3 representando a santíssima trindade e o 7, os sete dias da semana (a maravilha da criação) e os 7 pecados capitais (a eterna luta do bem contra o mal).
Além disso, haviam 3 pisos sobrepostos em camadas, o inferior sendo o refeitório, o intermediário a biblioteca/sala de manuscritos e o superior a “merveille”, a sala do retiro espiritual. Alimentos para o corpo (primordial/básico), o intelecto (humano) e o espírito. Genial!Evidentemente que também registrei o monte à noite!

 

Segui dali para Granville, uma antiga vila de pescadores que tem uma bela praia! Foi uma visita agradável e uma boa parada entre as visitas ao Monte e a Aromanches, o local do desembarque das tropas aliadas no dia D.
Quando cheguei lá, por volta das 17h30, os museus já estavam fechados. Há o Museu do Desambarque e um Museu Cinema 360o, que não pude conferir. Mas ainda assim foi muito legal passear pela praia e ver o que restou do porto flutuante (port Winston), que foi montado à época das batalhas. Local que respira essa história de luta e que abrigou passagem marcante da segunda guerra.

Para finalizar a viagem e meu dia, segui para Rouen, a cidade onde Joanna d’Arc foi morta. Escolhi essa cidade pois era próxima de Paris (130km), portanto já seria a meio caminho do meu retorno, facilitando a entrega do carro no horário no dia seguinte. Para minha surpresa, o endereço do hotel não existia no GPS… apontei então para “centro da cidade” e rumei. Lá chegando, tive a desagradável surpresa de notar que o GPS não conhecia Rouen! Mandava virar em várias ruas que não existiam e ficou completamente perdido! Se eu o seguisse, teria caído várias vezes no Sena, que corta a cidade. Parei em um outro hotel no caminho (Ibis) e pedi informação, ainda bem que a recepcionista foi super simpática, me deu um mapa, rabiscou o caminho que eu devia fazer e consegui finalmente achar o hotel! Ainda a tempo de assistir um filme no cinema que ficava bem ao lado do hotel. O filme? La Merveille, o último filme de Terrence Malick com Ben Affleck, Javier Bardem e Olga Kurylenko… que tem o Monte Saint-Michel como um de seus personagens. E foi curioso notar como essa analogia entre o monte, que com suas marés altas e baixas passa por situações em que é continente ou ilha, pode ser usada para narrar uma história de início e fim de um amor, de encontro e separação, de união e isolamento. Malick é um poeta das imagens. Foi um belo encerramento para o dia.

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No dia seguinte, em Paris, visitei Père Lachaise, o famoso cemitério onde está Jim Morrison.
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