Star Wars II – O Ataque dos Clones

Star Wars II – O Ataque dos Clones

Dando sequência à revisão de Star Wars, o texto dessa semana é sobre Star Wars – Episódio II – O Ataque dos Clones (Star Wars, Attack of the Clones, 2002, dirigido por George Lucas). Novamente, vou procurar fazê-lo usando o mínimo de conhecimento prévio, isto é, analisando o que vimos em Ameaça Fantasma e neste filme.

Na minha memória, Ameaça Fantasma era o filme mais fraco da nova trilogia. Porém, revendo os dois primeiros episódios em sequência, mudei de ideia. Ataque dos Clones é pior. O filme é chato, a trama política é intrincada mas não empolga, o romance entre Anakin e Padmé é de causar náuseas, Obi-Wan, ou melhor, Ewan McGregor como mentor, investigador e principalmente como guerreiro simplesmente não convence. Há apenas uma ou outra pequena revelação interessante (Ah, Dookan foi padawan de Yoda e Qui-Gonn de Dookan, finalmente vemos Yoda em um duelo de sabre de luz!) que só é importante porque a saga Guerra nas Estrelas é o que é. Analisando apenas o filme, pouca coisa se salva.

O filme se chama o “Ataque dos Clones” mas poderia se chamar “A Grande Preparação Política, os Joguetes e a Armação que Desencadearão na Guerra dos Clones”. Vamos à trama: Amídala não é mais rainha (e notem que Naboo tinha uma monarquia muito estranha já que ela havia sido eleita!) mas sim senadora. Ela lidera o veto à criação de um exército para a República, ideia que tem ganhado adeptos visto que os separatistas ganham força. Por conta disso, é ameaçada de morte. O filme então se divide em dois: Obi-Wan Kenobi é destacado para investigar quem mandou matar a senadora e porquê enquanto seu aprendiz, Anakin Skywalker, é encarregado de protegê-la.

Voltando ao elenco, acho que infelizmente falta alguma coisa a McGregor, que geralmente é um ator competente, para que ele convença como um cavaleiro jedi, principalmente nas cenas de ação em que ele é exageradamente lento. Mas o personagem também deixa a desejar, em sua investigação, os questionamentos que ele faz a Yoda sobre o paradeiro de um planeta demonstram que ele também está longe de ser um Sherlock… Não é à toa que Anakin se sente limitado nas mãos de Obi-Wan.

No segmento romântico, também há um problema de escalação de elenco. Portman é linda e vemos sua Padmé surpreender até em cenas de ação, mas seu companheiro, o novato Hayden Christensen, é ruim de doer. A principal semelhança entre ele e o ator-mirim Jake Lloyd que interpretou o personagem no filme anterior é o nível de atuação. Neste filme, Anakin deve retratar seu descontentamento com a mentoria de Obi-Wan, sua arrogância, sua paixão por Padmé, sua preocupação com sua mãe, todos os anseios por sentir-se predestinado a ser um grande guerreiro. Enfim, trata-se de um personagem complexo em um filme cujo propósito é justamente mostrar esse balanço entre os dois lados da Força que nele coexistem. É curioso – e uma das poucas coisas boas no filme – observar o figurino de Anakin, que alterna entre branco, preto e cinza de acordo com os momentos do personagem na história. Assim, ele critica ferozmente Obi-Wan e mata a sangue-frio os sequestradores de sua mãe trajando negro, mas chega a Naboo para escoltar sua amada em sua primeira missão-solo em trajes brancos, alternando também em momentos cinza, com o figurino ajudando a contar a confusão interna do personagem. Porém, mesmo a evolução do sentimento de Padmé por ele também é confusa: inicialmente, ela dá vários cortes nas investidas (abusadas) de Skywalker para de repente soltar um “Eu te amo, profundamente, intensamente” lá pelas tantas.

Voltando à trama, em suas investigações Kenobi descobre que um exército de clones foi encomendado para a república, no planeta de Kamino. Clones do caçador de recompensas Jango Fett. Ao mesmo tempo, Dookan trama com os separatistas e a Federação do Comércio tanto o assassinato de Amidala quanto uma guerra contra os jedis e o próprio Senado, valendo-se de um exército de dróides. As duas histórias voltam a se juntar quando Obi-Wan é aprisionado juntamente com Amidala e Anakin, que vieram ajuda-lo, não antes de alertar os jedi.

O filme então tem uma sequência de ação imitando as arenas romanas. Temos um coliseu, com os dois jedi e Amidala como gladiadores, tentando sobreviver diante de bestas intergalácticas. Amídala luta melhor do que Obi-Wan. Os jedi aparecem para salvar o dia, há um longo e confuso duelo entre os dróides e os jedi e quando tudo parece perdido, chega Yoda com os clones! Dookan foge levando com ele o projeto de uma arma secreta (que reconhecemos como sendo a Estrela da Morte! Uau!) e é perseguido.

Finalmente, vivemos o clímax. Dookan, um sith, contra dois jedi: Obi-Wan e Anakin. Uma interessante rima com o final do filme anterior. Novamente aqui o sith leva vantagem, vencendo os dois jedi em combate e ainda amputando Anakin. A luta entre Dookan e o Yoda digital também decepciona e o desfecho, com a fuga de Dookan, é patético. A Guerra dos Clones tem início, bem como a vida matrimonial de Anakin e Padmé. O capítulo do meio da nova trilogia poderia ter sido muito mais interessante, se tivesse contado com um ator melhor do que Christensen, com um ator melhor escalado do que McGregor e com uma trama que explorasse melhor a perda de poder dos jedi, a ascenção dos sith e os dilemas do jovem Skywalker, aquele destinado a trazer equilíbrio à Força.

No quesito curiosidades, o nome do conde interpretado por Christopher Lee é Dooku, mas no Brasil virou Dookan por motivos óbvios. E o prêmio “nome-mais-bizarramente-divertido-do-filme” vai, portanto, para ele!

Publicado originalmente aqui.

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