Versos do dia: Vim que Venha (Karnak)
Quem tem vir que venha, quem tem que ir que vá
Por baixo da simplicidade desta canção do Karnak, pode vir um verniz de lirismo. Se pararmos para tentar levar a sério essa pérola musical e seu refrão, esconde-se ai uma interessante lição.
O conceito chave é a necessidade ou obrigação do movimento. E movimento pode ser o caminhar em direção ao que queremos, ao que precisamos, ou ao que buscamos durante a nossa existência.
Vejam, se eu TENHO que ir, então que eu VÁ. E se eu TENHO que vir, que eu VENHA.
Não há sentido em ficar parado, com a força do verbo “ter” que carrega em si um senso de necessidade, de obrigação, ou de desejo irrefreável. Não tenho porque adiar ou postergar este ir ou vir. Ele é inevitável, é inexorável. Se tenho que ir, vou. Se tenho que vir, venho. Então que eu vá. Então que eu venha.
Na verdade, a partir do momento em que eu entendo isso, tenho que tratar é de chegar logo lá ou cá e aguardar então pelos sabores dos próximos movimentos. A vida é movimento. Saciar o desejo, a obrigação ou a necessidade é, então, viver. Adiar ou postergar, por consequência, é morrer. E ao morrer, posso nunca chegar lá ou cá e, desta forma, nunca sentir todos os sabores possíveis. Se tem que vir, que venha.
Há ainda o caso, não explorado na canção, em que eu não TENHO que ir e nem que vir… e ao não ter, pode faltar motivação e há a imobilidade, a ausência do movimento. Se eu não tenho que ir e nem que vir, então eu FICO. Ficar não é algo terrível. Só será, caso eu tenha que ir ou que vir. Mas se ficar for confortável, agradável e cheio de vida, então quem tem que ficar, que fique.
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