Cloverfield
Assisti na semana passada o bom Cloverfield, que no Brasil ganhou o sub-título “Monstro”. Bizarro.
O enredo do filme é um fiapo: sem qualquer explicação, Nova York passa a ser atacada por um monstro gigante e, possivelmente, seus pequenos filhotes. Pronto.
Qual a expectativa possível para um filme assim? Dá para prender a atenção? O que ocorre, em geral, em filmes assim é que somos apresentados a alguns personagens no começo do filme e mal conseguimos identificar quem é quem à medida que eles começam a ser devorados e mortos, até que conseguimos saber quem é o casal de mocinhos, que inevitavelmente estava brigado e se reconcilia ao final do filme, salvando o planeta da ameaça.
Mas, para tornar Cloverfield algo diferente e muito mais interessante, o filme segue um caminho similar mas com uma diferença marcante e que gera resultado: Cloverfield é um documentário, à la A Bruxa de Blair, é verdade, mas um documentário.
No começo do filme, começa a ser exibido um filme feito no dia do ataque do monstro à cidade, provavelmente a partir de uma fita recuperada dos destroços e sendo assistida por nós, espectadores, e também provavelmente por pessoas do exército americano procurando entender o que houve. E essa é a graça da estória, este tom documental nos apresenta os personagens de forma muito mais orgânica e as reações aos ataques soam naturais, espontâneas. Sabemos apenas o que os próprios personagens sabem e entendemos suas motivações. No final das contas, a diferença está ai, nos preocupamos com os personagens.
Vale a pena visitar esse bom filme, que vai muito além do gênero horror, dando pequeno destaque à criatura e aos ataques e mais na boa edição, nas atuações e em soluções para que a “idéia” de documentário se mantenha realística. Esse é o ponto fraco, é difícil crer que os sujeitos ali envolvidos continuaram gravando tudo o que ocorria, dada a gravidade dos fatos e o seu envolvimento direto neles. Mas o esforço ao menos torna mais ou menos crível que fosse possível, um pouco por fazer do personagem que captura as imagens um verdadeiro paspalho, de quem você poderia esperar qualquer coisa, até mesmo continuar gravando os ataques mesmo correndo risco de morte.
4 pipocas em 5. Boa diversão com um formato inovador e bem construído.
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